quarta-feira, 3 de junho de 2009

Onde está a fé em Deus?


É engraçado como a sociedade insiste em nos julgar por atos que ela considera imoral. Como posso culpar alguém que roubou um pacote de arroz para conseguir sustentar os próprios filhos? Como posso julgar alguém que encontrou na marginalidade uma forma de sobreviver? Não posso. Principalmente por fazer parte e ser culpado de tudo isso que acontece no planeta. São hipócritas aqueles que tomam à frente e atiram a primeira pedra. Disse Dostoiévski, numa passagem de Os irmãos Karamazov sob a voz do monge Zósima, personagem do romance: "Lembra-te de que não podes ser o juiz de ninguém. Porque antes de julgar um criminoso, deve o juiz saber que é ele próprio tão criminoso quanto o acusado, e talvez mais que todos culpado do crime dele. Quando tiver compreendido isto, poderá ser juiz. Por mais absurdo que isto pareça, é verdade. Porque se eu mesmo fosse um justo, talvez não houvesse diante de mim um criminoso." Por isso trato com certa frieza o que falam de mim. Não dou a mínima para alguém que me olha na rua e por me ver com o cabelo despenteado, com a barba mal feita ou então com uma roupa que não combina, se julgar superior. Dou meus próprios passos e tenho minha personalidade formada, sem medo de ser condenado por algum bandido qualquer que se julgue inocente. As pessoas se preocupam demais com cada passo que o outro vai dar, mas se esquecem que elas mesmas não têm forças para sair do próprio lugar. Como posso reclamar de alguém que mesmo com defeitos dá seus passos e suas cabeçadas, se nem mesmo consigo sair do lugar? Não posso. Uma outra visão de Dostoiévski bate muito numa tecla que serei obrigado a concordar e reforçar aqui. Ao invés de procurarmos repreender um crime, temos que mostrar à pessoa a importância de Deus em nossas vidas. Se conseguirmos transmitir essa fé, então não vamos precisar condenar ninguém à morte, tão pouco enjaular um ser humano, pois a própria pessoa se condenaria por ter agredido as normas impostas pelo nosso criador. Sem discutir o mérito da existência ou não de Deus, mas se as pessoas passarem a acreditar nele e naquilo que a Bíblia prega, então elas mesmo se autopunirão quando cometerem algum delito. Esse mesmo monge Zósima, nos diz que somos nós culpados pela falha dos outros. "Aceita esse castigo e suporta-o, teu coração se acalmará, compreenderás que tu também és culpado, porque terias podido esclarecer os celerados mesmo na qualidade de único justo, e não o fizeste. Esclarecendo-os, ter-lhes-ia mostrado um outro caminho, e o autor do crime não o teria talvez cometido, graças à luz." A falta de fé em nós mesmos, não permite que consigamos transmitir isso para outras pessoas. E assim se perde a fé geração, após geração. E assim encontramos a fórmula para o mundo se autodestruir. A fé repreende o avanço da marginalidade. Sem ela, o nosso cotidiano ganha a cada dia novos capítulos de brutalidade e acontecimentos hediondos.